PORQUE NOSSO MELHOR REMADOR ESTÁ FORA DO MUNDIAL? MAIS UMA DA SÉRIE: OS ABSURDOS DE UM PAÍS QUE VAI SEDIAR UMA OLIMPÍADA

      

          No final do mês de outubro o Brasil estará participando do mundial de remo na Nova Zelândia. Quando li a lista de remadores que o Brasil enviaria me chamou a atenção a ausência do nosso principal atleta: Aílson Silva. Mandei e-mail para a Confederação Brasileira de Remo que não respondeu. Pensei que o atleta estivesse contundido. Mas não. O vice-presidente de remo do Botafogo, Marcelo Murad, me enviou a explicação. É mais um dos grandes absurdos de um país que vai sediar uma Olimpíada. Aílson foi afastado absurdamente pelo técnico da seleção,José Oyarzabal por retaliação ao Botafogo
        Antes vou explicar quem é Ailson Silva. No ano passado, ele foi vice-campeão mundial Sub-23, primeira medalha do Brasil em mundiais. Ainda em 2009, Aílson foi 6˚ colocado no mundial adulto na Polônia. O campeão mundial Duncan Grant, da Nova Zelândia, se surpreendeu com Ailson e disse que o jovem teria um futuro brilhante. Ainda em 2009, Aílson foi o único brasileiro campeão Sul-Americano chegando com quase 100 metros a frente do segundo colocado. Ele também ganhou o prêmio Brasil Olímpico no remo. Tudo levava a crer que o Brasil havia descoberto um fenômeno, em uma modalidade pouco divulgada e sem tradição.
        Em 2010, Aílson disputou os Jogos Sul-Americanos e novamente foi campeão. Mudou-se da sua Manaus para o Rio de Janeiro  por  vontade própria para treinar no Botafogo. Ele passou a ter no clube carioca:  fisiologista, nutricionista, fisioterapeuta, suplementação vitamínica e medico ortomolecular.              Segundo Marcelo Murad, nunca a CBR, Confederação Brasileira de Remo procurou o Botafogo para perguntar se Aílson precisava de alguma coisa. Após a mudança,  Aílson foi  bronze na 1ª etapa da Copa do Mundo de Remo, em Bled, Eslovênia. A CBR não deu nenhuma divulgação ao resultado em seu site oficial.  Na sequência, Aílson sentiu muito cansaço e não foi bem na etapa de Munique da Copa do Mundo terminando em 12˚, um resultado absolutamente normal. No mundial sub-23 deste ano Aílson conseguiu uma nova medalha, desta vez o bronze. A CBR não gostou muito da cor da medalha, e passou a argumentar que Aílson estaria fora de forma.
        Agora a explicação de Marcelo Murad, diretor de remo do Botafogo, para a exclusão de Aílson do mundial da Nova Zelândia. O presidente da CBR, Wilson Reeberg enviou um "convite" para que Aílson participasse de um treinamento em tempo integral por duas semanas com a seleção para integrar um barco de four skiff, que competiria no mundial. Detalhe: essa prova nem olímpica é. Além disso Aílson é especialista no single skiff. Como  o Botafogo precisava de resultados para mostrar retorno, não só ao seu conselho diretor, como aos seus patrocinadores, PDG Realty e Plural Capital pediu a CBR  para que Aílson só treinasse no período da manhã. Assim, sem a mínima intenção de uma conciliação, a CBR resolveu afastar Aílson do mundial 2010, em represália a "inflexibilidade do Botafogo".
        Marcelo Murad ainda perguntou ao presidente da CBR,  se Aílson poderia tentar ir ao mundial na raia, disputando uma prova,  conforme Wilson prometia quando era candidato ao cargo. Wilson disse NÃO. Nem responder ao oficio do Botafogo, a CBR se dispôs. Murad considerou uma verdadeira falta de respeito com um clube centenário, que tem o remo como desporto estatutário e que ajudou Wilson na eleição para presidente.
        Aílson "fora de forma" segundo Wilson Reeberg, disputou 5 provas no Campeonato Brasileiro:
sagrando-se campeão no single skiff sub 23, Dois sem Aberto, Quatro sem Aberto e Oito com timoneiro.    
        Resumindo a história: por perseguição da Confederação Brasileira de Remo, nosso jovem e melhor remador que tinha totais condições de ser o grande nome da modalidade em 2012, não disputará o Campeonato Mundial deste ano.