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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ENTREVISTA WILSON REEBERG, presidente da Confederação Brasileira de Remo

O presidente da Confederação Brasileira de Remo, Wilson Reeberg foi muito solícito e respondeu a várias perguntas que eu enviei a respeito dos problemas da modalidade e principalmente o afastamento do principal remador brasileiro, Aílson Silva, do mundial no final do mês.


Porque Aílson Silva não disputará o mundial da Nova Zelândia?
A prova do Ailson, skiff peso leve não consta do programa do Pan 2011.Definiu-se, então, que só valeria a pena Ailson competir em skiff no mundial se tivesse a possibilidade de ficar entre os 6 finalistas. Porém, diante do seu resultado na Copa do Mundo – 12º lugar -  ficou claro para a CBR que ele seria mais útil integrando outro barco. No entender do técnico da CBR, o four-skiff peso-leve, apesar de não ter colhido os resultados esperados na Copa do Mundo de Lucerne (julho de 2010) por deficiência física de um remador (que depois foi substituído), tinha bom potencial de crescimento e bem preparado poderia surpreender no Mundial.   Visando formar essa guarnição, o técnico da CBR convidou 6 (seis) atletas, para um período de treinamento de duas semanas, incluindo Aílson. Fomos  procurados pelo vice-presidente de remo do Botafogo, Marcelo Murad, que propôs que Ailson participasse de somente um treino diário, já que o clube desejava que ele treinasse outras guarnições, com outros remadores (que não iriam ao Mundial), pois o Botafogo tinha planos de vencer o Campeonato Brasileiro. Dissemos-lhe simplesmente que não havia como conciliar tal proposta com a necessidade de realizar os três treinos diários planejados pelo técnico da CBR, com o grupo que formaria o four-skiff.  Ailson apresentou-se para treinar somente no dia 25/8, dois dias depois do início dos trabalhos, tendo participado do primeiro treino do dia. Na ocasião, comunicou  ao  técnico da CBR que somente se apresentaria para 1 treino diário e que faria os outros no Botafogo. Nessa mesma manhã, conversamos com o técnico do Botafogo e dissemos que seria impossível aceitar tal condição.  Após esse treino único, Ailson não mais apareceu e nem fez qualquer comunicação escrita ou oral à CBR. Seu clube também calou-se. Dois dias depois de encerrado o processo seletivo, o vice-presidente de remo do Botafogo, Marcelo Murad, enviou carta à CBR, agradecendo o convite que havia sido feito para Ailson participar dos treinos, e colocando-o à disposição para efetuar 1 treino diário matinal, e para competir no Campeonato Mundial na prova de skiff !!!!!!! Desnecessário qualquer comentário sobre tal proposta. Mesmo assim, demos-lhe resposta por telefone, dizendo que o processo seletivo já estava encerrado e os atletas definidos. Portanto, ele não ficou sem resposta.


Que tipo de ajuda a CBR prestou para a carreira do Ailson?
A CBR nunca mediu esforços para auxiliar o atleta Ailson, apesar da carência de recursos, fruto da herança que recebeu da administração anterior. Em julho de 2009, quando ainda éramos candidato à presidência da entidade, tão logo o atleta retornou do Campeonato Mundial Sub-23 de 2009, demos-lhe de presente 2 (dois) pares de remos novos,em fibra de carbono,de fabricação nacional. Em dezembro do mesmo ano, ao sagrar-se  campeão sul-americano, recebeu da CBR um remoergômetro, mais dois pares de remos novos, em fibra de carbono da marca Concept2 (EUA). Em fevereiro de 2010, enviamos para seu técnico (nessa época o atleta ainda treinava em Manaus) um lactímetro Accusport (EUA) e iniciamos o processo de importação de um skiff da marca Fluidesign (Canadá) para o atleta. Em março/abril, Ailson transferiu-se para o Rio de Janeiro e passou a viver na garagem de remo do Botafogo. Ao sermos informados desse fato pelo vice-presidente Murad, e da vontade do atleta em trazer sua mãe para morar com ele, colocamos à disposição do mesmo um apartamento, com aluguel pago pela CBR, completamente mobiliado e equipado com todos os aparelhos eletrodomésticos e utensílios de uso do dia a dia. Por razões que desconhecemos, nunca fomos procurados nem pelo atleta, nem pelo vice-presidente Murad, para tratarmos da ocupação do imóvel.


O que a Confederação fará a partir de agora em relação ao Aílson. Procurará uma conciliação visando o Pan 2011?
Lamento a ausencia do Aílson tanto quanto os outros. Não existe nada, absolutamente, nada, contra ele. Ele ficou de fora dessa equipe porque foi muito mal orientado pelo seu clube, que confundiu interesses de clube e patrocinadores com interesses da seleção brasileira. Para a CBR, a seleção brasileira vem em primeiro lugar, porque do Presidente da República prá baixo, todos me cobram resultados, senão não tem verba. E se tiver verba, eu poderei ajudar os clubes que fornecem atletas para a seleção. O Ailson, é pessoa de muito boa índole, todo o remo brasileiro gosta dele. As portas das próximas seleções  estarão abertas para ele.


É verdade que o atual treinador da Seleção, o francês José Oyerzabal, em uma oportunidade teve 9 remadores para formar um barco de 8 remadores e deixou o Ailson na reserva?
Naquela ocasião, eu ainda era um candidato, não estava presente no estágio, onde o técnico tomou essa decisão. Desconheço totalmente o que aconteceu. E na época, ele nem era técnico contratado da CBR, só o foi alguns meses depois, durante a intervenção judicial. Nem mesmo sei o porque dessa participação dele na formação desse oito."


Porque no mundial da Nova Zelandia, o Brasil só irá disputar provas que não são olímpicas?
Cada país participa de provas onde acha que vai obter melhor resultado, sejam olímpicas ou não. E veja só: do programa do Campeonato Mundial constam 22 (vinte e duas) provas. OITO não são olímpicas.

O site da Confederação é muito ruim. Pretende muda-lo?
Sei disso. Se até agora ele não foi mexido, foi porque priorizamos outros gastos. O remo brasileiro ficou sem investimento em nenhuma área por mais de 20 anos. Ao assumirmos, havia um mundo de coisas a serem feitas, e também uma dívida trabalhista a ser paga, de igual tamanho. Tivemos que priorizar o que era mais importante(treinamento da seleção, competições internacionais, melhores competições nacionais e capacitação de pessoal (formação de novos técnicos e de novos árbitros). A comunicação ficou em segundo plano. Também deve ser dito que recebemos a CBR com verba MENOR em R$ 200.000,00 do que a que recebia nosso antecessor, por conta de punição imposta a ele pelo COB, após a Olimpíada de Pequim, por falta de resultados. Assessoria de Imprensa, até agora, só pude contratar para determinados eventos, aos quais era necessário dar maior divulgação."
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Gostaria de agradecer ao Sportv, que fez uma matéria sobre o assunto. Assista em
http://sportv.globo.com/videos/v/remador-brasileiro-fica-fora-do-campeonato-mundial-por-causa-de-briga-politica/1362971/#/Outros

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