Busque no Blog - Esporte Olímpico Brasileiro

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

ENTREVISTA DA SEMANA- PATRÍCIA BOOS- HÓQUEI NA GRAMA

Pela primeira vez desde que comecei esta série de entrevistas semanais , trago uma atleta do hóquei na grama, infelizmente um dos esportes menos divulgados e praticados no Brasil. A entrevistada é Patrícia Boos, eleita a melhor jogadora do último campeonato brasileiro por votação no site da Confederação. Mesmo sendo sede da Olimpíada de 2016, o hóquei na grama brasileiro não tem participação assegurada, principalmente no feminino. Precisamos melhorar no ranking ( atualmente somos número 51). Patrícia sequer pode realizar treinamentos em um campo de hóquei na grama oficial pois Florianópolis não possui. Ela respondeu a 7 perguntas.

1- Como recebeu a eleição de melhor jogadora do campeonato brasileiro. Serve de incentivo para continuar na modalidade?

Fiquei muito feliz ao ganhar o prêmio. Com certeza, serve de incentivo para continuarmos nos dedicando à prática do esporte. Para mim, o ano de 2012 foi difícil e ao mesmo tempo muito gratificante. Passei os primeiros 6 meses tratando de uma série de lesões para estar apta a participar do calendário da seleção brasileira de 2012 que previa um período de treinos e amistosos na Holanda. A Holanda, para quem não conhece o esporte, possui um dos melhores campeonatos nacionais do mundo, com clubes muito bem estruturados e jogadoras de alto nível técnico. Esse período de treinamentos e amistosos me proporcionou maior experiência e aprimorar minha técnica individual.

2- O que fazer para que o hóquei na grama tenha mais praticantes no Brasil?

Para aumentarmos o número de praticantes no país é preciso que o hóquei seja inserido nas escolas. Seja através de escolinhas esportivas ou como conteúdo nas aulas de Educação Física. O importante é que a criança tenha a vivência do hóquei no ambiente escolar assim como os esportes tradicionais do país, como futebol e volei, oferecendo a possibilidade de conhecer o esporte. Somente assim teremos um número maior de praticantes e consequentemente melhores atletas representando a seleção nacional. Além disso, é preciso expandir a prática do esporte em outros estados brasileiros visto que hoje possuímos pólos de desenvolvimento apenas no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

3- Você acredita que a seleção conseguirá atingir um nível técnico aceitável para poder competir na Olimpíada de 2016?

Acredito sim!!!! Apesar de todas as dificuldades existentes, não estamos medindo esforços para conseguir atingir essa meta. Para isso, é preciso organização, planejamento e recursos financeiros para propiciar aos atletas e membros da comissão técnica oportunidades em buscarmos melhores níveis técnicos e experiência internacional. Temos 4 anos para ganharmos algumas posições no Ranking Mundial e assim adquirir os critérios mínimos exigidos pela FIH para participação nos Jogos Olímpicos de 2016.

4- Quanto tempo por semana você dedica aos treinos do hóquei? Fora do hóquei você trabalha em quê?

Minha rotina diária é bastante intensa. Conciliar trabalho, estudo e treinos não é uma tarefa fácil, mas são sacrifícios que faço para poder vivenciar momentos gratificantes que o esporte me proporciona. Trabalho 8 horas diárias, na empresa estatal Eletrosul Centrais Elétricas, no setor de Recurso Humanos. Sou formada em Educação Física e estou terminado a 5ª fase de Administração de empresas. Assim, possuo somente o período noturno e os finais de semana para me dedicar aos treinos de hóquei. Faço treinos físicos 2 vezes por semana à noite, logo após o expediente de trabalho, além de treinamentos complementares que faço para evitar e tratar lesões como musculação, pilates e RPG, que ocupam os demais dias úteis da semana. Já os treinos técnicos possuem uma dificuldade maior, visto que Florianópolis não possui um campo oficial para os treinamentos dos jogadores que residem na cidade. São realizados de forma improvisada, acontecendo uma sessão de treino durante a semana em uma quadra onde praticamos o hóquei indoor e outra no final de semana em um campo com dimensões e grama distante da condição ideal.
    
5- Porque você decidiu praticar hóquei na grama? Há quanto tempo pratica?


Comecei a jogar hóquei no final de 2006 através de um convite do técnico da Seleção Brasileira à época, que me viu jogando futebol na faculdade e me ofereceu a oportunidade de conhecer a modalidade. Naquele tempo a seleção brasileira permanente realizava seus treinos em Florianópolis e assim pude conhecer e começar a praticar o hóquei sobre grama. Adaptei-me facilmente ao esporte, pois tinha uma bagagem do futebol de campo e futsal. As questões táticas do hóquei são semelhantes às do futebol. Nos primeiros meses de 2007 foram realizadas as seletivas para a convocação da seleção  que disputaria o Pan do Rio e fui convocada. Desde então, há 6 anos, venho treinando e participando de competições nacionais pelo meu clube (Hóquei Clube Desterro, sediado em Florianópolis) além das convocações para compor a seleção nas competições em que o Brasil participa.

6- Qual sua experiência com a seleção brasileira? Cite algumas competições que participou:

Participei do Pan do Rio em 2007, Jogos Sul-americanos em 2008, Jogos Sul-Americanos de 2010 e Pan-challenge Rio 2011. 

   
7- O que seria mais importante para o desenvolvimento da seleção brasileira hoje?

 Visando a  Olimpíada de 2016 é preciso que o Brasil participe de mais competições internacionais, fazendo com que o atletas tenham maior experiência através de confrontos com equipes mais estruturadas. Outra possibilidade bastante interessante  é o intercâmbio de atletas no exterior. A possibilidade de disputar um campeonato nacional em outro país, onde o nível técnico é excelente, bem como se dedicar 100% da sua rotina diária em treinos e jogos é uma experiência que aqui no Brasil os atletas não conseguirão adquirir. A realização de intercâmbios é uma medida de curto prazo para que os atletas elevem suas potencialidades técnicas e táticas, adquirindo maior experiência internacional e assim buscar melhores resultados em competições internacionais, visando colocar o Brasil dentro dos critérios mínimos necessários para a participação nas Olimpíadas de 2016.
       

Nenhum comentário: