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terça-feira, 9 de abril de 2013

ENTREVISTA DA SEMANA: JOANA PEREZ- GINÁSTICA TRAMPOLIM

Hoje eu posto pela primeira vez uma entrevista com uma atleta da ginástica trampolim. No final de semana tivemos a seletiva que definiu a seleção brasileira para o ciclo olímpico. E uma das selecionadas foi JOANA PEREZ. Recuperada de contusões, ela espera ter um bom resultado no mundial da Bulgária em novembro. Joana conta as dificuldades da modalidade que é olímpica, mas pouco divulgada no Brasil


1- No Pan de Guadalajara a imagem do Carlos Pala caindo da cama elástica acabou sendo impressionante. Como uma atleta  lida com o risco de um acidente como aquele? Já passou por algo parecido?
A maioria dos esportes oferecem riscos para os praticantes, assim como muita coisa na vida. O risco de acidentes é maior durante as provas, já que os atletas estão empenhados em executar suas series até o final. As vezes um salto não sai como o planejado e o atleta tenta seguir, mesmo sabendo que é arriscado. Não considero um esporte de risco. Com tanto tempo de prática, o atleta sabe se situar e controlar os saltos. Além disso temos colchão no chão e ao redor do trampolim, os colchões de mesmo nível atras do aparelho, o colchão de segurança lançado pelo técnico e mais 1 segurança em cada ponta do aparelho. Se todas essas regras forem respeitadas, o risco de acidente é muito reduzido. Creio que a queda do Carlos Pala foi impressionante mas não passa de um fortuito. O principal é levarmos todas essas condições de segurança das competições para os treinamentos diários.

Em competições já cai na proteção do trampolim mas o máximo que me aconteceu foi ralar uma parte da pele. Em treinamentos sim, coleciono algumas lesões, umas por esforço e stress e outras causadas por acidentes.

2- Como foi a seletiva disputada no final de semana em que você conseguiu a vaga para a seleção ? Gostou do seu desempenho?

Estavam presentes os melhores atletas do pais em busca das vagas para a seleção olímpica desse novo ciclo olímpico. Foram avaliados os elementos básicos mais simples e as duas series que fazemos em competições. Além disso, foram realizados testes físicos. Estamos no início do ano, nossa meta é estar no surge em novembro, quando será realizado o  mundial.

3- A ginástica trampolim é uma das modalidades menos divulgadas dentre as olímpicas. O que é preciso fazer para mudar essa situação?

Aqui no Brasil os esportes divulgados são os coletivos e os que já obtiveram alguns resultados importantes. A ginastica de trampolim começou a participar de Olimpíada em 2000. É um esporte muito novo e por isso, pouco conhecido.  É divulgada a ginástica artística pelos excelentes resultados nos últimos anos, fruto dos talentos e fenômenos que surgiram no nosso pais.  Para a nossa modalidade acho que falta mais investimento. Não temos boas condições de treinamento porque não temos equipamentos adequados. Conseguimos renovar nossos aparelhos por iniciativa dos próprios atletas e com esforço dos técnicos. Quando chegamos em uma competição internacional além de ter que acostumar rapidamente com aparelhos diferentes temos que reconhecer que nossos rivais estão melhores tecnicamente porque treinam em aparelhos de melhor qualidade. Os clubes no Rio de Janeiro estão todos  fechando por falta de condições. Os pais dos atletas tem que arcar com muitas despesas para custear  os treinamentos e as competições, até os atletas se tornarem profissionais, o que se torna inviável para muitas famílias. Os poucos clubes de ginastica de trampolim que sobreviveram no pais recebem ajuda do governo. Eu e outros atletas membros da seleção fizemos esforço para bancar um intercâmbio de treinamento. Passamos 2 meses treinando em clubes na Europa para tentar aprimorar a técnica dos saltos.

4- Fale sobre sua carreira. Já competiu outras vezes com a seleção?

Fui integrante da seleção permanente durante o ultimo ciclo olímpico. Mas nesses últimos 4 anos tive muitos problemas de contusão, falta de lugar para treinar, mudança de clubes e treinadores. Meu desenvolvimento ficou um pouco prejudicado por conta disso. Mas vida de atleta é assim mesmo: superação a todo instante. Contudo, consegui o 3º lugar no  panamericano de trampolim individual, em 2010. Fui campeã brasileira em 2012 e ajudei a equipe do Brasil a conquistar pela 1º vez o título de campeão pan-americano, em 2012.

5- Como começou na ginástica e porque escolheu a trampolim?

Comecei a treinar com 6 anos por diversão. Comecei a competir campeonatos estaduais e brasileiros e me destacava. Os treinos foram ficando mais sérios, fui pegando gosto e almejando metas cada mais ambiciosas. Amo o que eu faço e por isso continuo a me dedicar até hoje. Escolhi trampolim porque adoro saltar.

6- Agora que você está na seleção, qual  o planejamento que a Confederação passou a  para 2013? Todos os que se classificaram terão chances de disputar competições internacionais?

Para esse ano temos as etapas de copas do mundo no segundo semestre. O alvo é o campeonato mundial na Bulgária, que será em novembro. Todos os membro da seleção tem chances de participar das competições internacionais.

7- Para a seletiva do final de semana, os atletas pagaram as passagens?

A nível nacional os atletas ficam com o ônus de pagar as inscrições, taxas, hospedagem, alimentação e passagens sim. No meu clube é assim. Isso acabou por desestimular muitos jovens talentos.Temos alguns clubes no Brasil que cumprem com esse encargo ou ajudam os atletas em parte.

8- Cite seus patrocinadores e  apoiadores.

Por ser membro da seleção brasileira o meu patrocinador é a Confederação Brasileira. E somente esse. Pra sustentar completamente todas as despesas com o treinamento é necessário outras fontes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótima entrevista. Mostra bem o cenário da ginástica de trampolim. Ainda um esporte sem valorização no Brasil. Uma pena