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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

ENTREVISTA DA SEMANA: MARCELO TOSI, atleta do Conjunto Completo de Equitação

A entrevista desta semana traz um atleta de uma modalidade olímpica que eu nunca havia entrevistado: o CCE, Conjunto Completo de Equitação. Quem participa é Marcelo Tosi, melhor brasileiro na Olimpíada de Pequim, quando foi 22º colocado. Ele ajudou a equipe a se garantir em Londres 2012, graças ao bronze no Pan de Guadalajara. Tosi, que mora e compete na Europa, respondeu a 6 perguntas. 



1- Como você analisa sua participação no Pan de Guadalajara, em que  terminou em 18º no individual, mas conseguiu junto com a equipe, garantir vaga em Londres 2012?

Minha participação foi muito positiva. Fui o 3º melhor no adestramento, o 4º melhor no cross (onde  tive um infeliz  refugo ) e o melhor no saltos dentre os brasileiros. Se não fosse o contratempo no cross chegaria em 7º lugar individual. O objetivo no Pan era cada um dar o melhor de si para termos um bom resultado por equipe e a vaga olímpica para o Brasil. Conseguimos ! Temos uma equipe experiente e bem regular em nível técnico.

2- O CCE ao contrário das provas de saltos, é praticamente ignorado no Brasil. O que precisaria ser feito para tornar o esporte mais conhecido? Falta um ídolo, como foi Rodrigo Pessoa para os saltos?

Eu acho que falta um pouco de investimento e marketing. Não existe ídolo sem público. Quando o Rodrigo começou a ter bons resultados nós já tínhamos um certo número de praticantes e público. Mas na minha opinião o divisor de aguas foi o concurso  ATHINA ONASSIS. Este concurso mexeu com o esporte a nível nacional. No Concurso Completo de Equitação não temos um evento de qualidade no Brasil. Para mim seria o 1º passo para atrair praticantes, admiradores , mídia, patrocínio, etc. Temos que encarar a modalidade como um produto, público e praticantes como clientes! Começando pelo nome que é Concurso Completo de Equitação e não CCE. E esta iniciativa de desenvolver o esporte deve ser iniciada pela confederação.

 3-Há quanto tempo está na Europa? Quantas competições costuma disputar em um ano e quais as vantagens de treinar e competir aí?

Morei na Bélgica de 2004 a 2010 (de 2004 a 2006 com Nelson Pessoa).Em dezembro de 2010  mudei para a Inglaterra, onde estou atualmente. A Olimpíada é aqui, nosso treinador é inglês e a Inglaterra é o pais do concurso completo. No ano passado fiz 38 competicões, normalmente com mais de dois cavalos em cada disputa. As vantagens são: competições com um nível muito elevado que nos obriga  a evoluir sempre, concursos bem organizados, muitas competicões ( tem até durante a semana).

4- No hipismo saltos, vemos constantemente os cavaleiros trocarem de  cavalos de acordo com a competição ou por contusão. Isso também ocorre no CCE?

 Sim, no concurso completo os cavaleiros de ponta tem mais cavalos do que os cavaleiros de saltos. Hoje na Europa com grande numero de provas, obriga os cavaleiros terem 2 a 4 times de cavalos.  O britânico Wiliam Fox-Pitt tem 23 cavalos, a austríaca Lucinda Fredericks tem 17, o neozelandês Andrew Nichoson tem 27 cavalos, etc .

5- Você irá para sua 3º Olimpíada. Foi o melhor brasileiro em 2008 com  o 22º lugar. A equipe foi 11º. Qual será um resultado satisfatório  para você e para a equipe em Londres 2012

Eu estive como atleta nas olimpíadas de Sidney 2000 e Beijing 2008 e como assistente técnico na de Atenas 2004. Para mim seria melhorar o resultado da ultima Olimpíada,  o 22' lugar,com objetivo de estar entre os top 10. Por equipes, um resultado excelente seria o 5º lugar. Nós temos como potências no esporte a Grã-Bretanha, a Nova Zelândia, a Alemanha, a Austria, os Estados Unidos e o Canadá. Estes países investem pesado na formação e preparação das equipes. Um segundo grupo tem França, Irlanda, Itália, Bélgica e Brasil.

 6- Você já está há algum tempo competindo no CCE, mas antes foi atleta  de saltos. Porque mudou?

 Em 1988, na minha região de Jaboticabal, alguns amigos me convidaram para experimentar a modalidade de conjunto completo. Acabei adorando o fato de poder fazer as 3 disciplinas ( adestramento, cross e salto) com o mesmo cavalo e principalmente a possibilidade de realizar um sonho: tentar representar o Brasil em uma Olimpíada.


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