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terça-feira, 27 de maio de 2014

ENTREVISTA DA SEMANA- CARLOS RAMIREZ PALA- GINÁSTICA TRAMPOLIM

 A entrevista desta semana é com um dos principais atletas do Brasil na GINÁSTICA TRAMPOLIM, modalidade em que nunca tivemos representante em Olimpíadas: Carlos Ramirez Pala. Ele foi 30º no mundial 2011 e 77º em 2013. A falta de recursos o impede sequer de participar do próximo campeonato brasileiro. Ele comenta as dificuldades da modalidade no Brasil, a falta de manutenção dos aparelhos e seu sonho de disputar a Rio 2016
 
1-Explique a sua não participação no campeonato brasileiro por falta de dinheiro?
 

Com o alto custo do treinamento, acabo tendo de priorizar os demais gastos que o envolvem. Para participar do Brasileiro em Contagem/ MG, teria de pagar mais de R$ 500,00 de taxa de inscrição, passagem de avião, estadia, além de outros. Uma grana que iria investir sem ter.
     
2- Você recebe o Bolsa Atleta ou algum outro tipo de incentivo financeiro por parte do COB ou Confederação?
      Sim, recebo uma ajuda de custo da CBG, referente à Lei Piva, a do patrocinador da Confederação Brasileira de Ginástica, a Caixa, e também do Bolsa-Atleta, que já saiu, porém ainda não recebi. Essas ajudas de custo, além de chegarem atrasadas, não estão sendo suficientes para manter um padrão de treinamento de um atleta de alto nível. Gastos, como suplementação, fisioterapia, nutricionista, academia, treinamento/utensílios, passagens, hospedagem/competição, alimentação e outras coisas são impossibilitados, devido aos escassos recursos.

3- A ginástica de trampolim é uma das modalidades menos divulgadas pela mídia. Você acredita que a modalidade ganhará mais espaço caso haja uma boa participação brasileira na Olimpíada de 2016?
 Sim, com certeza! Uma boa participação irá fomentar a divulgação do esporte na mídia.  A modalidade precisa de mais apoio. Seremos o país sede e é visível que não estamos preparados para tal como deveríamos. Nas Olimpíadas de Pequim, por exemplo, a China se preparou 8 anos antes e fez um investimento em todas as modalidades esportivas, o que foi notado no quadro de medalhas.
 



4- O Brasil tem equipamentos adequados para o treinamento da ginástica de trampolim?
      Sim, porém esses equipamentos precisam de manutenção a cada 4 meses, o que não é feito. Por exemplo: treinamos no mesmo equipamento há mais de um ano, e as molas e tela ainda não foram trocadas. De certo que esse material, naturalmente, se desgasta no dia a dia de treino. Isso tudo prejudica e muito o rendimento dos atletas.

5- Você sofreu uma queda impressionante no Pan de Guadalajara. Como o atleta lida com o risco de acidentes?

      Acidentes são inesperados e indesejados, mas fazem parte do esporte de alto rendimento.  Duas coisas temos de ter ciência e amadurecemos durante a carreira:  se sair tudo certo conforme os treinamentos, não haverá erros. Ou se, por algum motivo ocorrer um erro, será inevitável a queda, o que poderá acarretar na interrupção do programa de competição. No trampolim, assim como na Fórmula 1, os pilotos estão sempre no seu limite. No trampolim o atleta chega a saltar de 7 a 8 metros de altura. Cometer erros, no esporte de alta precisão, ao qual o atleta busca a perfeição, o menor erro pode se transformar num grande desastre.
 
6- A queda no Pan foi a pior de sua carreira?

 Não foi a pior queda da minha carreira. Em 2008, na véspera do Brasileiro e da Copa do Mundo, sofri um acidente semelhante: caí fora do trampolim, direto no chão; horas depois, saí andando e fui ao médico, porém nada foi acusado no raio-x. Conclusão: competi o Brasileiro, em Ouro Preto, com muitas dificuldades e dores nos pés, mas não deixei de fazer o meu melhor. Devido a garra e determinação, ganhei a competição. Logo depois, fui para Portugal e lá tive uma das melhores colocações em etapas da Copa do Mundo, ficando em 13º lugar. Só não fui para a final por um erro da arbitragem: alegaram que eu deveria participar mais das competições. De volta ao Brasil, fiz novos exames, pois as dores nos pés persistiam. O laudo médico foi esse: dois calcanhares fraturados. Ainda hoje, me lembro do espanto da médica: “como você está andando, assim?”.
  
7- Com a Olimpíada sendo no Rio o Brasil deve ter ao menos um participante na modalidade. Isso serve de motivação?

      Com certeza! Não existe motivação maior que essa no mundo dos esportes. O sonho de qualquer atleta é participar de um dos maiores eventos do mundo esportivo: as Olimpíadas.
 
8- O que você mais gosta e o que menos gosta no esporte?
 

Amo fazer o que sempre fiz. Desde os 5 anos de idade salto trampolim: a minha paixão. O esporte tem me proporcionado diversos benefícios, além de grandes lições que levarei para o resto da vida. Porém, confesso que o não reconhecimento das entidades mantenedoras me deixa muito triste. Devemos plantar antes para, na estação própria, colher os frutos, e não esperar um bom resultado para depois querer investir.

8- Cite quem te apoia?

 Apoio financeiros, somente esses: Confederação Brasileira de Ginástica, Caixa Econômica Federal, Bolsa-Atleta.
Apoio de alguma maneira, para beneficiar o atleta: CVC – Equipamentos Médicos/ Compex.
Apoio como entidade e marca de competição: Eurotramp, COB, Federação de Ginástica/RJ, Núcleo de Treinamento Tatiana Figueiredo.



Site é o www.ramirezpala.com.br
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