A entrevista da semana é com o técnico Carlos Negrão, que já comandou a seleção brasileira, além de ter comentado a modalidade para a TV Record na última Olimpíada. Atualmente trabalha na Secretaria de Esportes de São Caetano do Sul e dirige a equipe de taekwondo da UNIP. Negrão também lançou recentemente o livro: Taekwondo Fundamental. O técnico e especialista dá uma aula sobre a situação da modalidade no Brasil.
1- Como você analisa o atual momento do taekwondo brasileiro após a Olimpíada de Londres? Temos novos valores com potencial para brigar por medalhas em grandes competições neste ciclo olímpico?
Estamos em um momento de transição com muita incerteza. A proximidade com os Jogos Olímpicos facilita a captação de recursos e patrocínios e a comunidade internacional tem cada vez mais interesse de organizar e de participar de eventos no Brasil. Por outro lado o conflito, que ocupa inclusive os meios de comunicação, entre a Confederação e algumas federações cria um clima de incerteza e atrapalha bastante o foco da confederação nos assuntos desportivos. No taekwondo, o Brasil é um celeiro de grandes atletas e certamente temos novos valores, com grande potencial.
2- Como foi o último ciclo olímpico?
O trabalho feito no ciclo olímpico 2008- 2012 deixou muito a desejar. Tivemos uma grande queda em resultados internacionais tanto com os atletas da equipe principal como com os juvenis. Para termos bons resultados nestes próximos 4 anos a nova comissão técnica terá que trabalhar com muita inteligência e dinamismo aproveitando muito bem o pouco tempo que resta até os Jogos Olímpicos.
3- Você acredita que Natalia e Diogo tenham condições físicas de ainda representarem o Brasil na próxima Olimpíada?
Só o tempo dirá como eles vão reagir a um novo ciclo de treinamentos, concentrações, viagens competições, etc. Fisicamente a Natália esta se recuperando de uma lesão séria, mas como é muito determinada e dedicada nada é impossível para ela. O Diogo parece estar bem fisicamente, mas o que me preocupa é a motivação e a condição emocional destes atletas. O mais difícil vai ser manter estes atletas focados unicamente nas suas funções de atleta. Como o Brasil não vai produzir uma nova Natália ou um novo Diogo nestes 4 anos acredito que a participação deles é muito importante e que a confederação deveria trabalhar para que eles cheguem bem em 2016 ou que pelo menos possam contribuir na preparação dos novos atletas. Não posso deixar de acrescentar que tão importante quanto Diogo e Natália, são os atletas Marcio e Marcel Wenceslau. O retrospecto deles é impressionante. Embora não tenha participado dos Jogos Olímpicos, por injustiça da arbitragem, Marcio Wenceslau foi o nosso melhor atleta nestes últimos quatro anos e assim como Diogo e Natália, me parece motivado para mais um ciclo olímpico.
4- O Brasil foi extremamente prejudicado pelas arbitragens em Londres. Que trabalho a Confederação Brasileira precisa fazer nos próximos anos para que isso não se repita em mundiais e Olimpíadas?
A arbitragem é o calcanhar de Aquiles do Taekwondo. As competições atraem um público cada vez maior, mas a atuação dos árbitros é sempre questionada. Este fato tem explicação: Historicamente a arbitragem no Taekwondo sempre foi contaminada pela política, desde o primeiro campeonato mundial no inicio da década de 70. Outro motivo é que o Taekwondo é um esporte de pontuação interpretativa. Os árbitros dão e retiram os pontos de acordo com sua interpretação. O Brasil tem um histórico de quase não ter árbitros internacionais atuantes e de ter uma atitude apática diante dos erros da arbitragem. Sempre que havia uma decisão difícil envolvendo o Brasil e outro país, os árbitros sabiam que se dessem a vitória para o outro país, não haveria nenhum tipo de reclamação por parte do Brasil. Precisamos rgentemente formar árbitros internacionais e envia-los para as competições importantes e passar a protestar, de forma legal porém determinada, contra os erros de arbitragem que o prejudicam. E nestes pontos estamos muito atrasados.
5- No Pan disputado pós Olimpíada tivemos o atleta Guilherme Dias conquistando o ouro. É um atleta com potencial de buscar medalhas em competições mundiais? E a Katia Arakaki?
Sim o Guilherme Dias é uma das grande promessas. Ele não possui grande experiência internacional, mas tem um grande talento. Já a Kátia Arakaki, é uma atleta pronta e experiente que já demonstrou, dentro do Brasil, ser uma atleta de nível olímpico. Porém nas competições internacionais, seus resultados poderiam ser melhores. Com perfis muito diferentes são dois candidatos a equipe olímpica de 2016.
6- Quais as maiores dificuldades do taekwondo brasileiro hoje?
É muito difícil falar das resumidamente das dificuldades do Taekwondo brasileiro. Falta profissionalismo e sobra política. Temos bons atletas e bons técnicos, mas os técnicos não tem autonomia para elaborar e cumprir um plano olímpico. Não sabem o que vai acontecer daqui a um ano. Não sabem nem se ainda serão os técnicos. Por conta desta situação de incertezas, temos uma distorção de funções: temos presidentes de federações estaduais que acumulam o cargo de técnicos da seleção brasileira e outros cargos. Atletas que além de serem atletas são técnicos de equipes, atletas dirigentes e outras várias situações contraditórias. Se cada um exercesse apenas uma função com competência e se o planejamento técnico fosse elaborado por critérios exclusivamente técnicos, teríamos um futuro muito melhor.
1- Como você analisa o atual momento do taekwondo brasileiro após a Olimpíada de Londres? Temos novos valores com potencial para brigar por medalhas em grandes competições neste ciclo olímpico?
Estamos em um momento de transição com muita incerteza. A proximidade com os Jogos Olímpicos facilita a captação de recursos e patrocínios e a comunidade internacional tem cada vez mais interesse de organizar e de participar de eventos no Brasil. Por outro lado o conflito, que ocupa inclusive os meios de comunicação, entre a Confederação e algumas federações cria um clima de incerteza e atrapalha bastante o foco da confederação nos assuntos desportivos. No taekwondo, o Brasil é um celeiro de grandes atletas e certamente temos novos valores, com grande potencial.
2- Como foi o último ciclo olímpico?
O trabalho feito no ciclo olímpico 2008- 2012 deixou muito a desejar. Tivemos uma grande queda em resultados internacionais tanto com os atletas da equipe principal como com os juvenis. Para termos bons resultados nestes próximos 4 anos a nova comissão técnica terá que trabalhar com muita inteligência e dinamismo aproveitando muito bem o pouco tempo que resta até os Jogos Olímpicos.
3- Você acredita que Natalia e Diogo tenham condições físicas de ainda representarem o Brasil na próxima Olimpíada?
Só o tempo dirá como eles vão reagir a um novo ciclo de treinamentos, concentrações, viagens competições, etc. Fisicamente a Natália esta se recuperando de uma lesão séria, mas como é muito determinada e dedicada nada é impossível para ela. O Diogo parece estar bem fisicamente, mas o que me preocupa é a motivação e a condição emocional destes atletas. O mais difícil vai ser manter estes atletas focados unicamente nas suas funções de atleta. Como o Brasil não vai produzir uma nova Natália ou um novo Diogo nestes 4 anos acredito que a participação deles é muito importante e que a confederação deveria trabalhar para que eles cheguem bem em 2016 ou que pelo menos possam contribuir na preparação dos novos atletas. Não posso deixar de acrescentar que tão importante quanto Diogo e Natália, são os atletas Marcio e Marcel Wenceslau. O retrospecto deles é impressionante. Embora não tenha participado dos Jogos Olímpicos, por injustiça da arbitragem, Marcio Wenceslau foi o nosso melhor atleta nestes últimos quatro anos e assim como Diogo e Natália, me parece motivado para mais um ciclo olímpico.
4- O Brasil foi extremamente prejudicado pelas arbitragens em Londres. Que trabalho a Confederação Brasileira precisa fazer nos próximos anos para que isso não se repita em mundiais e Olimpíadas?
A arbitragem é o calcanhar de Aquiles do Taekwondo. As competições atraem um público cada vez maior, mas a atuação dos árbitros é sempre questionada. Este fato tem explicação: Historicamente a arbitragem no Taekwondo sempre foi contaminada pela política, desde o primeiro campeonato mundial no inicio da década de 70. Outro motivo é que o Taekwondo é um esporte de pontuação interpretativa. Os árbitros dão e retiram os pontos de acordo com sua interpretação. O Brasil tem um histórico de quase não ter árbitros internacionais atuantes e de ter uma atitude apática diante dos erros da arbitragem. Sempre que havia uma decisão difícil envolvendo o Brasil e outro país, os árbitros sabiam que se dessem a vitória para o outro país, não haveria nenhum tipo de reclamação por parte do Brasil. Precisamos rgentemente formar árbitros internacionais e envia-los para as competições importantes e passar a protestar, de forma legal porém determinada, contra os erros de arbitragem que o prejudicam. E nestes pontos estamos muito atrasados.
5- No Pan disputado pós Olimpíada tivemos o atleta Guilherme Dias conquistando o ouro. É um atleta com potencial de buscar medalhas em competições mundiais? E a Katia Arakaki?
Sim o Guilherme Dias é uma das grande promessas. Ele não possui grande experiência internacional, mas tem um grande talento. Já a Kátia Arakaki, é uma atleta pronta e experiente que já demonstrou, dentro do Brasil, ser uma atleta de nível olímpico. Porém nas competições internacionais, seus resultados poderiam ser melhores. Com perfis muito diferentes são dois candidatos a equipe olímpica de 2016.
6- Quais as maiores dificuldades do taekwondo brasileiro hoje?
É muito difícil falar das resumidamente das dificuldades do Taekwondo brasileiro. Falta profissionalismo e sobra política. Temos bons atletas e bons técnicos, mas os técnicos não tem autonomia para elaborar e cumprir um plano olímpico. Não sabem o que vai acontecer daqui a um ano. Não sabem nem se ainda serão os técnicos. Por conta desta situação de incertezas, temos uma distorção de funções: temos presidentes de federações estaduais que acumulam o cargo de técnicos da seleção brasileira e outros cargos. Atletas que além de serem atletas são técnicos de equipes, atletas dirigentes e outras várias situações contraditórias. Se cada um exercesse apenas uma função com competência e se o planejamento técnico fosse elaborado por critérios exclusivamente técnicos, teríamos um futuro muito melhor.
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